Ajude o site Cristãos Atrevimentos com qualquer valor

Quero Doar

Quem será o próximo Papa?

23 de Abril de 2025

Armando Alexandre dos Santos

Armando Alexandre dos Santos

Quem será o próximo Papa?

Desde o falecimento do Papa Francisco, os meios de comunicação social vêm fazendo especulações acerca da eleição de mais um sucessor de São Pedro. Com raras exceções, na sua imensa maioria as matérias divulgadas demonstram ignorância sobre os usos e costumes da Igreja, sobre o modus operandi interno do Vaticano.

Ignorando completamente o fato de ser a Igreja uma instituição absolutamente sui generis - cuja sobrevivência ao longo de dois milênios pontilhados por crises e períodos persecutórios só é explicável por quem considera o elemento sobrenatural e divino que a anima - os comentaristas em geral se estendem largamente sobre os aspectos humanos da instituição. A eleição de um papa é muitas vezes apresentada à maneira de uma eleição republicana, com candidatos, partidos, promessas de favorecimento, compra de votos etc.

Contribua com qualquer valor para o site "Cristãos Atrevimentos" Quero Doar Dir-se-ia que tudo aquilo que caracteriza a política moderna, com suas baixarias, vilezas e torpezas, se projetou para o Colégio Cardinalício, como se a eleição de um papa em nada diferisse da eleição de um presidente de república.

No entanto, o sistema de eleição de um papa é o que há de mais diferente do processo de eleição republicana. Na eleição de um presidente, o voto é quantitativo, não qualitativo: votam sábios e ignorantes, em pé de igualdade, todos sujeitos a pressões, influências, visões distorcidas da realidade, simpatias e antipatias mais ou menos apaixonadas, irracionais e subjetivistas.

Por outro lado, o posto de presidente é desejado pelos concorrentes, que precisamente por isso se candidatam. E esse desejo nem sempre é movido por intenções puras e nobres. Tudo isso são fatores que viciam o resultado do processo eleitoral republicano.

Na eleição do papa esses fatores desfavoráveis são muito reduzidos. Seria impossível, em termos humanos, conceber teoricamente um eleitorado mais seleto e menos sujeito a paixões baixas do que o de um papa. De fato, dentre os católicos, só uma pequena elite é chamada para o estado sacerdotal, e chamada por vocação divina. Dentre essa elite, uma pequeníssima parcela é chamada à plenitude do sacerdócio, ou seja, ao episcopado. Note-se: "é chamada". Não se trata de candidatura, de disputa por um posto vantajoso, mas é o papa que designa os bispos. Dentre os bispos, só uma pequena minoria atinge o cardinalato. E o atinge, igualmente, sem eleições nem candidaturas, mas por designação pessoal do papa.

Os 135 cardeais reunidos em conclave são, do ponto de vista humano - não estamos falando ainda do aspecto sobrenatural - o que se poderia reunir de mais seleto e categorizado para bem conhecer os problemas da Igreja e indicar aquele que mais parece indicado para suceder a São Pedro. Todos foram selecionados dentre os melhores, foram designados para os postos mais elevados da carreira eclesiástica por determinação superior, desempenharam funções de alta responsabilidade na Igreja.

Reunidos em conclave, os cardeais ficam sem comunicação com o mundo exterior, devendo manter segredo das tratativas e confabulações que internamente façam entre si para a designação do novo pontífice. Cada cardeal é moralmente obrigado a sufragar o nome que em consciência considera mais indicado para o cargo, e com o fim de mais significar essa obrigação de consciência, os votos que cada um formula são depositados num cálice que serve para o santo sacrifício da Missa. Tudo isso para reduzir ao mínimo o fator humano e falível. Tal fator existe, sem dúvida, mas é naturalmente reduzido ao mínimo. Esse não é, porém, o aspecto principal. Há ainda o lado sobrenatural, mais elevado e importante.

A Igreja é de instituição divina, e é assistida de modo especial pelo Espírito Santo. Jesus Cristo disse aos Apóstolos: "Estarei convosco até a consumação dos séculos" (Mt 28,20), o que indica, sem a menor dúvida, uma promessa de assistência de ordem absolutamente superior. E declarou a São Pedro: "Tu es Pedro, e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16,18) - numa clara promessa divina de imortalidade da Igreja. Por todas essas razões, o processo de eleição papal é atípico, e não pode nem de longe ser comparado ao das eleições normalmente realizadas nas modernas repúblicas.

Rezemos para que o Espírito Santo ilumine os membros do Sacro Colégio e para que tenhamos, na sucessão de Francisco, um Papa adequado às necessidades prementes da Igreja Católica, que a faça emergir da crise terrível na qual há décadas se vê mergulhada.

Donativos