Ajude o site Cristãos Atrevimentos com qualquer valor

Quero Doar

O monopólio dos lobos

05 de Agosto de 2025

Valdis Grinsteins

Valdis Grinsteins

O monopólio dos lobos

Muitas pessoas ficariam certamente chocadas ou incrédulas se lhes dissessem que até há poucos séculos era possível a existência de exércitos pessoais que eram até colocados à disposição dos governos para cumprimento de alguma missão devotada ao bem comum.

Assim, por exemplo, nas colónias espanholas do Caribe havia pessoas que armavam uma nau e saíam com ela à caça de piratas. A Corôa não só permitia esse tipo de actividade como até a estimulava e premiava.

Contribua com qualquer valor para o site "Cristãos Atrevimentos" Quero Doar A ideia baseava-se no princípio de que o bem comum devia ser protegido por todos e que não era só uma obrigação do Estado, da qual os particulares poderiam desligar-se para se concentrarem nos seus problemas pessoais.

A partir da Revolução Francesa, porém, começou a ganhar força uma política que já tinha começado a implementar-se desde a Renascença e que consistia na centralização de todos os poderes e decisões pelo Estado, como se só este fosse ajuizado e adulto, passando o resto da população a ser considerada como «infantil», incapaz de se ocupar de outras coisas que não fossem as impostas pelos seus dirigentes.

São hoje bem claros os resultados trágicos desses conceitos errados, levados às últimas consequências, ou seja, à interferência dos poderes do Estado até na vida de família. Uma dessas consequências é a falta de masculinidade dos maridos e a falta de autoridade dos pais e mães. Antigamente, a criança ou o jovem que desrespeitasse uma pessoa da família, tinha castigo imediato, dado pelo pai, pelo avô ou pelos irmãos mais velhos. Ligar à polícia ou levar tal caso a tribunal, era coisa que não passava pela cabeça de ninguém. Havia bom senso e a cultura cristã ensinava a dar soluções e respostas proporcionadas a cada problema. Não se permitia, como nas sociedades bárbaras, que o lesado pelo roubo de uma cabeça de gado reagisse por meio de assassinato ou de violentas represálias. Mas com a aplicação de leis que punem o exercício da autoridade e da justiça paterna, com uma «comunicação social» sempre sedenta de escândalos pessoais e uma justiça prevertida pela mentalidade revolucionária de tudo querer controlar, foram-se entranhando nas pessoas tais hábitos e dependências que já não conseguem ver a vida sem o controlo do Estado e dos seus órgãos de Poder.

No que toca à ordem pública, é óbvio que a policia já não tem capacidade para responder a todas as solicitações, de onde resulta também o aumento da criminalidade e da impossibilidade de zelar pela segurança das pessoas e dos seus bens. Mas no fundo do problema está o desaparecimento da noção que o primeiro interessado na segurança da família é a própria família e que só a ela deveria caber a responsabilidade de resolver os seus próprios problemas e não às pessoas de fora. Quando pais e mães deixam de proteger os filhos e quando estes não reagem ao insulto dirigido aos pais, perde-se fatalmente o respeito. Perde-se principalmente a noção da dignidade parental, perde-se para os filhos o modelo de homem ou de mulher, o modelo de educadores e protectores, ficando apenas a ideia de que os pais só servem para garantir o sustento económico.

E tudo começou quando os governos resolveram retirar às pessoas o direito à legítima defesa, primeiro na segurança do Estado e do bem comum e depois na defesa da família e no exercício da autoridade parental. O resultado é esta sociedade cheia de homens efeminados e de mulheres inseguras, de jovens sem referências e sem valores, centrados em si mesmos e à espera de uma salvação que necessariamente terá que vir dos outros, como as ovelhas do rebanho que só podem esperar pela protecção do cão-pastor para não caírem na boca do lobo. O problema é que o mundo de hoje está cada dia mais monopolizado pelos lobos…

Donativos