Nos países católicos não se faz geralmente muita distinção entre as diversas igrejas protestantes, pois todas são vistas sob uma denominação genérica, sem entrar em detalhes. Mas quem acompanha a evolução do mundo protestante vai vendo como as suas tendências históricas se vão revelando cada vez com maior clareza.
Quando Lutero se separou da Igreja, esperava que todos os descontentes se unissem à sua tese, formando assim uma única e nova igreja, obviamente sob a sua direcção. Outros dissidentes, porém, começaram rapidamente a criar as suas próprias igrejas, com as suas próprias doutrinas. Para tentar evitar esta dispersão, o Landgraf Felipe I de Hesse (1504-1567) chamou Lutero e Zwinglio para uma reunião no seu castelo de Marburg. Este encontro foi um completo fracasso pois os intervenientes não se puseram de acordo em pontos teológicos tão centrais como a verdadeira presença de Cristo na Eucaristia. A partir daqui começou a crescer o fenómeno da multiplicação das igrejas protestantes independentes, sendo que actualmente ninguém chega a um acordo sobre quantas existem, embora se calcule que haja cerca de trinta mil.
Contribua com qualquer valor para o site "Cristãos Atrevimentos" Quero Doar Este problema da divisão é intrínseco a todas as igrejas cristãs fora da Igreja Católica. Assim, por exemplo, para os cismáticos chamados ortodoxos, o Papa não deverá ser mais do que «o primeiro entre iguais» e para os protestantes nem sequer deve haver Papa, de onde resulta, também para os ortodoxos, um grande número de igrejas nacionais, pois cada qual decide por si própria.
No início do protestantismo ainda prevalecia a ideia católica de que existem pessoas escolhidas por Deus e destinadas a guiar os seus irmãos na Fé e no caminho da salvação. Daí que algumas denominações protestantes tenham mantido a hieraquia eclesiástica, algumas com bispos e pastores, outras apenas com pastores formados em teología e outras ainda com pastores mais ou menos espontâneos. Mas o erro intrínseco do protestantismo, de cada qual decidir por si mesmo com ajuda da sua própria bíblia, sem obediência a uma autoridade, continuou a crescer até se chegar ao ponto de haver agora os chamados «cristãos não-denominados», ou seja, pessoas que não se enquadram em nenhuma das igrejas históricas, sejam elas as tradicionais (luterana, anglicana, calvinista, etc.) ou as mais recentes. Em geral consideram-se protestantes sem filiação definida. Quando decidem ir a um culto vão à igreja mais próxima, à mais carismática ou à que mais lhes convier no momento.
Em suma, eles são a sua própria igreja. Rezam como querem, aceitam um ou outro ponto de doutrina que depois também mudam quando lhes convém e não dependem de ninguém. São a consequência concreta da anarquía teológica inicial do protestantismo.
Este grupo é o que mais cresce nos Estados Unidos e noutros países de tradição e cultura protestante. Naquele país já são 22% dos que se consideram protestantes e o seu número continua a crescer, ao mesmo tempo que se esvaziam os templos das denominações tradicionais. O fenómeno cresceu de tal maneira que já se fala abertamente do colapso do protestantismo tradicional, prevendo-se que em poucos anos fique reduzido a um movimento religioso marginal.
 
                            