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A paz mais instável do mundo

20 de Outubro de 2025

Valdis Grinsteins

Valdis Grinsteins

A paz mais instável do mundo

Qualquer jornal ou site do mundo está neste momento a celebrar o fim da guerra em Gaza e o estabelecimiento de um princípio de paz. Só que…não há paz, apenas não há explosões. Santo Agostinho define a paz como «a tranquilidade na ordem». Ora, em Gaza não há tranquilidade nem ordem e em Israel não há o menor consenso sobre o que fazer no futuro para que realmente se estabeleça a paz. Todos elogiam o Presidente Trump que conseguiu negociar a libertação dos últimos reféns, criando uma atmosfera de «expectativa positiva» sobre a possibilidade de se dar início a um sistema durável de convívio entre judeus e palestinos. O problema é que, tanto de um lado como de outro, há uma divisão muito profunda sobre aquilo que deveria ser o mapa político e social desta região do planeta.

Entre os judeus há vários grupos com visões diferentes, mas são dois os que em geral se destacam pelas suas posições irreconciliáveis. O primero está disposto a ceder algum território para alcançar a paz, mas o segundo, seja por motivos religiosos, políticos ou estratégicos nega-se a ceder terreno e não quer mais ninguém senão eles próprios a habitar a Terra Santa. Entre os palestinos ocorre o mesmo. Alguns resignam-se a entregar definitivamente algum território aos judeus, desde que lhes seja permitido ter o seu própio Estado. Outros recusam qualquer pacto com os judeus e querem-nos longe dali, seja por motivos religiosos, políticos ou estratégicos.

Contribua com qualquer valor para o site "Cristãos Atrevimentos" Quero Doar Não surpreende que estejam a trabalhar juntos os judeus e palestinos favoráveis à ideia de ceder alguma coisa em benefício da paz. Mas ninguém estaria à espera de assistir a uma extravagante e abstrusa aliança entre judeus e palestinos que recusam cedências em benefício da paz mas que andam sempre juntos para destruí-la. Com efeito, sempre que avançam em negociações os que desejam a paz, logo intervêm os terroristas com alguma acção criminosa, o que dá aos judeus contra a paz o pretexto para bombardear ou destruir o que mais lhes convier. Desta forma, judeus e palestinos favoráveis à guerra podem sempre explicar-se perante as suas populações: «Estão a ver? É impossível chegar a acordo com eles!»

Recorde-se, por exemplo, o que ocorreu nestes últimos dois anos.

Os judeus favoráveis à paz começaram a estabelecer relações diplomáticas com países árabes, celebrando os chamados «Acordos de Abraão» que poderiam ser o começo de uma normalização de relações entre judeus e árabes em geral. Mas como isto não convinha aos que não querem partilhar território, os terroristas do Hamás lançaram um brutal ataque brutal contra Israel, dando aos judeus contra a paz um pretexto para destruir Gaza de uma forma bárbara. Claro que a violência de ambas as partes lhes dá mais uma vez motivo para dizerem às suas populações: «Vejam! É impossível viver com eles!»

O resultado é uma espécie de ciclo vicioso com avanços nos planos de paz, logo seguidos de massacres, de novos planos de paz, novos ataques e assim sucessivamente. Se a paz – ou seja, a tranquilidade na ordem – se pretende realmente alcançar no Médio Oriente, a primeira coisa a fazer consiste em solucionar o problema interno dos dois povos em conflito. Mas quem conseguirá fazê-lo?...

 

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